Caríssimo Dom Francisco. Mais uma vez: Bem-vindo entre nós!
Estamos prestes a completar 70 anos da transladação da Catedral de Nossa Senhora da Piedade para
sua nova Sede. O senhor presidirá, em breve, as celebrações alusivas ao Jubileu desta augusta Igreja, símbolo
de Cajazeiras e cartão postal do Estado da Paraíba.
Esta Catedral é também Matriz Paroquial. A Paróquia Nossa Senhora da Piedade, fundada em 1859,
pertencia à Diocese de Olinda, depois passou à jurisdição da Diocese da Paraíba, e em 1914, com a criação
da Diocese de Cajazeiras, passou a ser Catedral.
Nesta Paróquia, ainda não nesta nova Sede, serviram ilustres sacerdotes como o Pe. Inácio de Souza
Rolim (fundador de Cajazeiras), desbravador deste sublime torrão sertanejo. A história registra, com salutar
orgulho, as “mãos e a voz do Pe. Rolim” formaram centenas de adolescentes e jovens, dentre estes Cícero
Romão Batista – o ‘Padre Cícero do Juazeiro’ – e Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti – que mais
tarde, sob Consistório presidido por São Pio X, em 1905, foi Criado Primeiro Cardeal do Brasil e da América
Latina (esta Cruz peitoral que o senhor usa, foi um presente do Cardeal Arcoverde para a Diocese de
Cajazeiras).
É importante também registrar que alguns sacerdotes que serviram nesta Paróquia foram elevados à
dignidade Episcopal, por exemplo, Cônego Moisés Coêlho, que se tornou nosso Primeiro Bispo e depois
Arcebispo da Paraíba e Pe. Fernando Gomes, que se tornou Bispo de Penedo e depois Arcebispo de Goiânia.
Sob a sombra desta imponente torre de 52 metros de altura, a maior da Paraíba, jazem os restos
mortais de Dom Zacarias Rolim de Moura, grande baluarte de nossa história recente, e de Mons. Luíz
Gualberto, o mais legítimo sucessor do legado educacional deixado pelo Pe. Rolim.
Os vitrais desta Catedral homenageiam grandes nomes da narração bíblica e da história da Igreja no
Nordeste. Aqui, os efeitos de luz e cor, transformam iluminação em beleza e evangelização, passando pela
justa reverência às mulheres bíblicas, desde Eva até Maria, por todos os profetas da Antigo Testamento, pelos
Santos Apóstolos, e pela hagiografia, que nos faz lembrar os santos de ontem e de hoje, como Santa Helena
e São João Bosco e os veneráveis Pe. Ibiapina e Frei Damião de Bozzano.
Nesta Catedral, junto à Capela do Santíssimo Sacramento, um vitral chama a nossa atenção por um
detalhe: Judas Iscariotes, na Santa Ceia, tem auréola igual à dos demais apóstolos. Aqui, assim como no
capitel da Basílica de Vézelay, na França, é possível contemplar não uma descrição literal de um evento
bíblico, mas a provocação do Cristo que não quer que ninguém se perca e que perdoa a todos que se
arrependem sinceramente, ou seja, o “escândalo da misericórdia”- tema tão caro ao saudoso Papa Francisco.
Ao mesmo tempo, no detalhe deste vitral, visível a quem ali se ajoelha para adorar Jesus Sacramentado,
temos um apelo à conversão diária: se não velarmos com o Senhor, faremos como Judas e trocaremos nossa
auréola por “30 moedas de prata”.
Enfim, dom Francisco, isto é um pouco desta Catedral de Cajazeiras que agora é a sua Catedral. Aqui,
os nossos genuflexórios trazem as marcas dos joelhos que se dobram diante do Mistério Eucarístico e da
Piedade Mariana. Em sua Cátedra foi recentemente fixado o seu brasão, que nos convida à alegria e à
esperança. Sua nomeação, como nosso pontífice diocesano, nos trouxe muita esperança. Sua Posse Canônica
ontem, pela expressão pública dos fiéis que, comovidos saíram às ruas de nossa cidade para uma saudação
filial, nos encheu de alegria.
De coração agradecido, como porta-voz dos paroquianos desta Sé, Diocesana e Paroquial, em meu
nome, e em nome do Pe. Cícero Gomes, nosso Vigário, digo: bem-vindo dom Francisco. Esta agora é a sua
Catedral. Esta agora é a sua Casa.
Pe. Janilson Rolim